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Capelinha,13/05/2025

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Diamantina corre risco de perder título de Patrimônio Mundial por obra de asfaltamento

Intervenções urbanas em áreas tombadas preocupam especialistas e ameaçam chancela concedida pela Unesco em 1999.

Jornal Estado de Minas
Diamantina corre risco de perder título de Patrimônio Mundial por obra de asfaltamento Passadiço da Casa da Glória – Foto: Leandro Neumann Ciuffo – Wikipedia (CC BY 2.0)

A histórica cidade de Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, corre sério risco de perder seu título de Patrimônio Mundial, concedido pela Unesco há 25 anos. O alerta veio à tona após obras de asfaltamento realizadas pela prefeitura em áreas de entorno da zona tombada, o que acendeu o sinal vermelho entre especialistas em patrimônio e órgãos de preservação.

Desde 1999, Diamantina ostenta a chancela internacional em reconhecimento à sua importância histórica, arquitetônica e cultural. Contudo, o asfaltamento de trechos como a Avenida da Saudade e a Estrada da Colina – considerados áreas sensíveis no entorno do sítio histórico – pode comprometer esse status, segundo o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG).

Em nota, o Iepha informou que enviou uma equipe técnica à cidade para vistoriar as obras e que já notificou a prefeitura a respeito dos riscos. “Há protocolos rígidos que precisam ser observados em cidades tombadas. Alterações como o asfaltamento em áreas de entorno impactam na paisagem cultural e podem provocar o rebaixamento ou até a retirada do título”, informou o órgão.

A situação ganhou repercussão após denúncias de moradores e mobilização de arquitetos e historiadores que defendem a preservação da ambiência original da cidade. De acordo com a arquiteta e urbanista Mariana Antunes, a substituição de pavimentos tradicionais por asfalto descaracteriza o espaço urbano e fere diretrizes da Unesco. “Estamos diante de um patrimônio que não pertence só a Minas, mas à humanidade. Mexer nisso exige extremo cuidado”, alerta.

A Prefeitura de Diamantina, por sua vez, defende que a intervenção visa melhorar a mobilidade urbana e garantir acessibilidade. Em comunicado, informou que as obras foram executadas com recursos estaduais e que está aberta ao diálogo com os órgãos de proteção.

Já o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) comunicou que ainda aguarda um relatório técnico detalhado do Iepha para emitir parecer. Caso o impacto seja considerado relevante, a Unesco poderá incluir Diamantina na chamada “lista de observação”, primeiro passo para uma eventual retirada do título.

O caso reacende a discussão sobre a necessidade de equilibrar modernização urbana e preservação cultural em cidades históricas. Para especialistas, é possível compatibilizar progresso e conservação, desde que haja planejamento integrado e respeito às normas de tombamento.

A população local se mostra dividida: enquanto parte dos moradores apoia a pavimentação como uma forma de melhoria viária, outro segmento teme que a perda do título comprometa o turismo e a identidade da cidade. Diamantina recebe, em média, 150 mil turistas por ano, atraídos por sua arquitetura colonial, festas tradicionais e a memória do ex-presidente Juscelino Kubitschek.












A Unesco ainda não se pronunciou oficialmente sobre o caso. No entanto, a situação é acompanhada com preocupação por entidades nacionais e internacionais ligadas à preservação do patrimônio.




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